FILHO E FILHOS

 

    Sei que quando escrevi o meu "DESABAFO", sem querer, fiz chorar comigo algumas pessoas queridas que o leram. Essa não foi a minha intenção.
    Tenho esse amado filho, sim. Poderia ficar horas a fio, para contar em detalhes, todo o trajeto de nossa vida com ele.
    Digo nossa, porque não o tenho sosinha. Ele é meu, de meu marido, que sempre esteve ao meu lado e de seus irmãos , meus filhos gemeos.                                                                                              
    Lembram-se? Temos os gemeos. Estes, tenho certeza, são a recompensa, o presente que  Deus nos reservou, por termos aceito tão bem o filho "especial".
    Digo isto, porque, como tantos outros pais que conheço, ao se depararem numa situação em que o primeiro filho não é "normal", surge uma grande dúvida ou preocupação de ter outros filhos. Ainda mais se o problema for genético, como no nosso caso.
    Acontece que quando engravidei pela segunda vez, sequer imaginávamos que  tínhamos uma criança "especial". Medico nenhum havia diagnosticado  alguma deficiência. 
    Por isso, repito, esses gemeos, foram e são ainda, o presente que Deus nos reservou. Nasceram saudáveis, fortes, e vieram em dupla. Sem contar, que as chances de nascerem com o cromossoma X frágil, era muito grande.


    Como eu acredito que filhos são alminhas que Deus, meticulosamente, escolhe para quem vai entregar, penso que Ele planejou o seguinte:
    --Eu tenho aqui uma criaturinha, tal como uma flor muito delicada, que requer muito mais cuidado que as demais. Vou observar se vocês dão conta do recado; tenho certeza que conseguirão, confio em vocês!


    Quando Ele percebeu que tudo estava dando certo, como previra, Ele escolheu mais duas alminhas para nos fazer companhia e alegrar nossa casa. Mandou dois, assim, de sopetão, sem aviso prévio, como já lhes contei.
O trabalho triplicou, as despesas, as noites mal dormidas, as idas ao pediatra, as mamadeiras, essas não dava nem tempo de esterilizar! Afinal, eram tres bebês para cuidar...
    Mas os momentos alegres e felizes que juntos nos proporcionaram, esses foram e ainda são imensuráveis. Se eu for enumerar as peripécias desses dois...ah... eu não conseguirei. Tantas foram enquanto crianças traquinas, adolescentes "normais", estudiosos e companheiros. ( Ai de quem se atrevesse a maltratar ou zombar do irmão mais velho...)
    Entretanto, o mais importante disso tudo, foi que, através do comportamento, da convivência que eles tiveram entre si, meu primeiro filho foi se desenvolvendo. Ele só comeu a primeira  bolachinha - quando viu os irmãos comendo. A primeira papinha, o primeiro danoninho; tudo foi aprendizagem.
Lembro-me como se fosse hoje, quando os irmãos ganharam de presente, cada um o seu bonezinho, ele também quis um. O primeiro pulo na piscina só aconteceu quando os irmãos já sabiam nadar e o incentivaram. A primeira vez que o colocamos numa roda gigante. Inesquecível! O papai, com ele num carrinho e os irmãos noutro, eu lá embaixo acenando.
    Foram conquistas valiosas, que sem esses meus filhos gemeos, jamais teríamos vencido. Apesar de terem um irmão " diferente" em casa, tiveram uma vida normal, mas aprenderam a se doar mais, consequentemente a amar mais.
    Agora são adultos, casados, não moram mais conosco. Mas a presença deles e de suas esposas, ainda nos é fundamental, continua trazendo-nos  muita alegria.
    A família também aumentou: um netinho alegre e barulhento a correr pela casa, chamando pelo vovô e pela vovó. A expectativa de mais netos surgirem...Ah, isso não tem descrição!
    Hoje, já posso colocar numa balança de dois pratos, estes trinta e cinco anos de vida familiar: 
    Num, as recordações alegres, noutro, os momentos difíceis. Sem sombra de dúvida, o maior peso estará no prato da felicidade!