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terça-feira, 4 de agosto de 2015

DONA MARIA

DONA MARIA

Fui conhecer dona Maria
a moradora da outra aguada,
nossa primeira morada
quando essa terra foi comprada...

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Mulher de muito brio, simplicidade sem limites, com tanta história pra contar...
Nossa, e não é que ela veio aqui me visitá mesmo! Disse ela assim que cheguei e a cumprimentei.
Como a sra se chama? pergunta ela.
Melania, dona Maria.
Ai, dô conta de falá não,
arruma um jeito mais mió deu chamá a sinhora...
Mel, pode me chamar de mel...
Abriu um sorriso fácil!
Pois dona mel, combina viu?
Ela estava com um dos pés com curativo e todo enfaixado, vítima de uma infecção mal cuidada e de uma diabetes muito alta, que levou os médicos a amputarem os quatro dedos, só restando o "dedão", como ela disse.
Mais dona mel, Deus foi tão bão, mais tão bão comigo, que continuo andando, tô com o pé quase são, até parece que os dedo vão brotá di novo...(sorrindo)

Abracei-a, peguei em suas mãos e só então notei que elas eram mutiladas, faltando algumas falanges de todos os dedos.
Disfarcei minha emoção, sorrimos juntas e nos abraçamos novamente, ela estava com perfume do fogão de lenha, onde seu feijão cozinhava lentamente. Ah, e tinha sobre a mesinha uma raiz de cará descascada, iria preparar, pois ouvira dizer que era muito bom pra diabetes, que agora já estava só 130. Serviu um cafezinho, queijo fresco branquinho com biscoito pêta.

Na mureta da varanda, uma enorme variedade de flores e folhagens, plantadas em latas, baldes e bacias usadas. Onde antes era um areião, na lateral da casa, uma horta com diversas espécies de ervas medicinais e para tempero, ainda alguns legumes e folhas para consumo próprio.

Fiquei boquiaberta! Nunca alguém havia plantado nada naquele quintal. A terra é muito fraca, "terra judiada", diziam.

Entrei na cozinha de dentro, quis matar a saudade. Aquela casa fora nossa morada, quando vínhamos com meus filhos ainda pequenos e passávamos semanas. Naquele tempo, era luz de lampião à gaz, tão pouco televisão havia, telefone, nem pensar...

Agora, muitos anos passados, tantas famílias ali já moraram, mas nada se compara ao que eu estava vendo.

Naquela cozinha tudo brilhava... meus olhos brilharam!!!

Ai dona mel, tira foto disso não, tá muito bagunçado, tive tempo não, ainda tava cuidano das criação...(Imaginem quando estiver tudo arrumado!)

Dona mel, volta sempre! Quando eu tiver bem curada, com a graça de Deus, eu vou faze um cumê dos mió e a senhora vai se fartá das coisas que eu ainda vou acabá de prantá...
Volto sim! (A senhora nem imagina quanta histórias ainda tem pra me contar, pensei.)

Saí de lá revigorada, dona Maria, mulher guerreira, da mata, da terra, do sol, meio paulista, meio mineira, morando neste pedaço de chão goiano que amo tanto!
Eu estava precisando conhecê-la!!!

mel - ((*_*))
mel - ((*_*))








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