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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Recordaões II



                


Lembro-me bem que quando criança, meus brinquedos e de meus irmãos eram todos artesanais, literalmente.
Carrinhos feitos com restos de tábuas, serradas às escondidas, com o serrote de meu pai, as rodinhas improvisadas de latinhas, não me lembro de que. Nem me perguntem como eles faziam, não saberia dizer agora. Mas quando prontos, lá estava eu a brincar com a molecada, decida abaixo.
As bolas eram feitas com meias velhas, já furadas, que nosso pai não usava mais. Eram preenchidas com retalhos das costuras de minha mãe, costuradas e amarradas com barbantes, até ficarem redondinhas e firmes.
 Lá estava eu  nas peladas, mesmo a contra gosto de meus irmãos. Só os deixava quando minha mãe me chamava para escolher feijão ou buscar água na mina, num balde feito com uma lata de vinte litros, cuja alça era de arame grosso, torcido com a ajuda de um alicate; ou então, era pra eu cuidar de um bebê recém nascido, enquanto ela tratava dos afazeres domésticos.
Sempre havia um bebê na minha casa!
Bolhas de sabão também fazíamos, usando talos de mamão como canudos e sabão caseiro, aquele feito no tacho. Quem engolia um pouco daquela água, caía fora da brincadeira; tudo feito longe das vistas de minha  mãe,  porque usar o sabão dela, era desperdício. E era mesmo!
E eu estava lá, a fazer bolhas de sabão!
Brincávamos muito de guerra, influência dos casos que meu pai contava sobre a segunda guerra mundial, noticiada, na época, pelo único rádio que havia na redondeza ). Nossas armas eram as sementes de santa bárbara, uma árvore frondosa, que produz muitos cachos de bolinhas verdes e durinhas, e quando acertavam na gente, doía  qual um coquinho.
 E lá estava eu, entre os meninos, a atirar as tais bolinhas!
Mas existia uma brincadeira que era exclusiva de garotos. Ah, quando me recordo ponho me a rir!
Meus irmãos e moleques da vizinhança gostavam de ficar horas a fio brincando no porão de nossa casa. Isso porque o porão era aberto. A casa, de madeira, era construída em cima de alicerces feitos de toras de árvores, cortados milimetricamente corretos e aterrados ao chão pela metade, ficando o restante servindo de suporte. Tínhamos assim um lugar fresquinho e arenoso para brincar, protegidos pelo assoalho bem em cima de nossas cabeças.
Ali debaixo era onde os  meninos   faziam suas brincadeiras secretas. Uma delas era modelar com as mãos um montinho de areia, colocar o cotovelo bem no centro e formar assim uma conchinha. Pasmem! Faziam xixi, bem devagarzinho na conchinha, sem desmanchá-la. Era uma vitória!
Mas onde eu entro nessa história?
Inocente como quê, eu também queria brincar, e fazer a minha conchinha. Até o ponto do cotovelo, dava tudo certo, mas na hora do xixi...aí eu, como era menina, estragava tudo e a molecada me punha pra correr dali...rsrsrsrsss. Tinha por volta de  meus cinco anos, mais ou menos. Nessa brincadeira, nunca mais deixaram eu participar!
Na época à qual me refiro, quase não havia meninas na vizinhança. Eu era a filha do meio, entre cinco irmãos. Explico: minha mãe já tinha dois meninos, um de quatro anos, outro de dois anos, quando nasceram, meu irmão e eu, “gêmeos”. Por este motivo eu acredito que apesar de ter aumentado a família, o fato de eu ter nascido menina, pegando carona no nascimento de meu irmão, via parteira, foi motivo de muita alegria para minha mãe. Dois anos depois, mais um menino, outro...e só então o sexo feminino apareceu novamente, duas vezes.
         Contaram em quantos irmãos somos?

2 comentários:

  1. Menina, sete? Ainda bem que você pode brincar bastante e tem muitas lembranças de infância. Continua contando pra nós. Beijos

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